Russian Horizons 2009 - Mais uma aventura!

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CRONICA 1
30 de Setembro, Daugavpils, na Letónia

Foi num clima de muita animação e emoção que deixamos a Marina do Freixo, na passada sexta-feira. Conforme tínhamos previsto, seguimos até Puebla de Sanábria para passarmos a noite, tendo lá chegado já passava das 23h (locais). Após uma noite bastante fria (4ºC), montamos as motos e arrancamos rumo a Bordéus. De portagem em portagem, atravessámos o Norte de Espanha e parte de França. Foi em Sanits, cerca de 100Km a Norte de Bordéus, que encontrámos um Hotel F1 para pernoitar. À boa moda das nossas viagens, foi no minúsculo quarto que iniciámos a preparação da nossa refeição. Desta vez, tivemos direito a uma "chispalhada" pré cozinhada com arroz feito na hora. O medo de pegar fogo ao quarto foi de tal ordem que o João decidiu saltar a janela e ir cozinhar para o jardim que ficava mesmo ali em frente. O cheirinho espalhou-se por todo o hotel, e passados alguns minutos já tínhamos quem se quisesse juntar à festa.

O dia seguinte foi passado nas auto-estradas francesas até chegarmos a Diekirch, no Luxemburgo. À nossa espera tínhamos os meus primos, prontos para saber como correram os primeiros dias da nossa viagem. À boa moda portuguesa, houve comida com fartura e café num ponto de encontro de imensos portugueses que por lá trabalham e residem.

De Diekirch avançamos para Praga. Pelo caminho atravessamos o Sul da Alemanha, com uma paragem no centro histórico de Nuremberg para almoçar. A entrada na República Checa aconteceu por volta das 17h00. Nem eu nem o João Vaz conhecíamos o país, pelo que foi com bastante curiosidade que fomos avançando em direcção a Praga. Em Praga, e pela primeira vez nas nossas viagens, optamos por alojamento em Couch Surfing, Para quem não conhece, www.couchsurfing.org é uma enorme comunidade de pessoas com um mesmo objectivo: conhecer o mundo sem gastar dinheiro em hotéis. Uma dessas pessoas é a Anna Sudenko, uma Ucraniana de 27 anos que vive e trabalha em Praga há cerca de dois anos, que nos recebeu em sua casa e nos deu dormida. Depois de um agradável jantar num restaurante típico de Praga, a Anaa fez-nos uma visita guiada pelas ruas daquela que, até à data, foi a cidade que mais prazer me deu visitar pela sua beleza e pessoas. O dia seguinte começou com uma enorme trabalheira para tirar a moto do pátio interior da casa da Anna Sudenko. O pátio tinha 5 ou 6 degraus íngremes que nos levaram mais de meia hora a conseguir vencer. Foi preciso puxar dos conhecimentos e improviso adquiridos no mundo do todo-o-terreno para construir uma pequena plataforma com tábuas e fita adesiva e tirar a moto de lá. Quando as lá colocamos tínhamos noção de que iria ser difícil tirá-las, mas era preferível, dado que deixá-las na rua. Assim que as tiramos de lá, não demorou muito até que arrancássemos rumo a Varsóvia.

A viagem de Praga para Varsóvia revelou-se numa das mais complicadas e aborrecidas de fazer desde que me lembro de andar de moto. Assim que nos fizemos à estrada começaram a cair os primeiros aguaceiros. Nada de grave. Um pouco mais tarde, já depois de termos percorrido cerca de 100Km começou o martírio: chuvas fortes e ventos laterais que nos abanavam a moto de forma violenta. Para agravar a situação, a rede de auto-estradas da Polónia reduz-se a cerca de 600Km espalhados por todo o país. Fizemos então os primeiros 100Km em auto-estrada e os restantes 600Km numa fantástica estrada nacional, ao estilo da nossa velhinha EN1, mas sem as partes de duas faixas para cada sentido. Os milhares de camiões da Letónia, Lituânia, Estónia e Rússia faziam o resto do cenário. Eram já 19h00 quando paramos para trocar algumas peças de roupa que não tinham resistido às chuvas intensas durante todo o dia. Tendo em conta que estávamos ainda a 200Km de Varsóvia tivemos, por momentos, a sensação de que não iríamos cumprir o plano traçado para aquele dia. Com muita força de vontade e espírito de sacrifício, voltamos a montar as motos e seguimos caminho. Como se já não bastasse o dia que tínhamos passado, fomos ainda presenteados com uma multa por excesso de velocidade. Íamos nós descansados, já depois de o Sol se pôr, quando de repente salta um polícia Polaco para a nossa frente. Depois de algumas tentativas de suborno, tivemos de pagar 70€ para que nos deixassem seguir. Eram já 23h30 quando chegamos a casa da Dorota Podlasca, uma adorável senhora na casa dos 50 anos, também membro da comunidade de Couch Surfing, e que gentilmente nos cedeu a sua casa para passarmos a noite. Mal chegámos, tínhamos à nossa espera uma refeição acabadinha de fazer: bacalhau com arroz, leite de coco, etc, e uma salada de alface e tomate temperada à moda tailandesa. Para terminar, a Dorota preparou-nos uma bebida a que chamam Crazy Dog: Vodka, xarope de groselha e umas gotas de tabasco. Por razões mais do que óbvias só pudemos provar um "shot" da bebida, mas trouxemos a receita... Depois do dia que passamos e do jantar que acabávamos de comer, não houve lugar para mais nada a não ser uma bela noite de descanso.

Na manhã de hoje [30 de Setembro], assim que deixamos a casa da Dorota, seguimos em direcção ao Norte da Polónia. A auto-estrada nos primeiros 60Km fez esquecer um pouco o dia anterior, mas logo de seguida voltámos ao mesmo: estradas nacionais. Desta vez, eram estradas melhores, mais largas, com melhor piso, mas não deixavam de ser estradas nacionais. Hoje o tempo esteve do nosso lado. O Sol que se fez sentir durante 90% do dia foi uma ajuda preciosa para que conseguíssemos chegar a Daugavpils às 19h00.

Amanhã [1 de Outubro] inicia-se uma nova etapa desta nossa viagem. Se tudo correr conforme planeado, entraremos na Rússia à hora do almoço. Percorreremos de seguida a estrada que liga directamente a Moscovo, mas pernoitaremos em Velikye Luki. Somente no dia seguinte iremos de Velikye Luki para Moscovo.


CRONICA 2
02 de Outubro - Velikye Luki, na Russia

Entrámos na Rússia!

Hoje, pelas 8h00, saímos do Hotel. Mal chegámos à rua tivemos logo a sensação de que o dia prometeria, pois a chuva estava a apertar.

Armámos a moto, sempre debaixo de chuva, e arrancámos. Logo depois tomámos a estrada que ligava Daugavpils a Reseknés e fizemos cerca de 100 Km. Na altura em que estávamos a passar Reseknés, cruzámo-nos com um motociclista Russo, parado na beira da estrada. Parámos as motos e apercebemo-nos que estava tudo bem e se tratava apenas de uma paragem para descanso. Após alguns minutos já estávamos a tirar fotografias em conjunto e a combinar atravessar a fronteira em conjunto. Posto isto, arrancámos os três para a última etapa antes da entrada na Rússia. Cerca de 10Km à frente, quando nada o fazia prever, o Russo despistou-se numa curva com gasóleo espalhado, precedida de uma lomba que prejudicava a visibilidade. Nem queríamos acreditar no que tinha acontecido!

Prontamente o fomos ajudar a levantar a moto e saber se ele estava bem. Tudo Ok com o Russo... a moto é que nem por isso. Depois de analisado ao pormenor, demos com a manete da embraiagem partida, a alavanca das velocidades partida, o espelho esquerdo partido, já para não falar das carenagens todas raspadas. Nessa altura, fazendo jus a uma das características mais típicas do português, lá inventámos maneira do Russo levar a moto até à fronteira. Uma abraçadeira plástica aqui, outra acolá, e a coisa lá se foi desenrascando. Engatava-se a 3ª velocidade à mão, o Russo fazia um arranque um pouco forçado, mas lá ía. Seguimos então para a fronteira de Terehova (lado Letão). Mas que grande confusão é a fronteira da Rússia!

Em primeiro lugar, cerca de 10Km antes da fronteira, já se viam camiões em fila na beira da estrada a aguardar pela sua vez para a ultrapassar. Com os quatro piscas ligados começámos a ultrapassa-los lentamente a meio das duas faixas. Assim que chegámos à fronteira parámos os motores e esperámos a cerca de 50m do local do primeiro ponto de controlo. Passados cerca de 15 minutos o guarda mandou-nos avançar. Mostrámos passaporte e documento único da moto, avançando de seguida para o segundo ponto de controlo, onde após mais 15minutos de espera nos pediram exactamente a mesma coisa que no ponto anterior. Já com os motores ligados avançámos para a fronteira propriamente dita (lado Letão). Após nova verificação de todos os documentos dos pontos anteriores deram-nos meia dúzia de formulários para preencher com os dados pessoais bem como os da moto. Passado mais 30 minutos, voltámos a arrancar até novo ponto de controlo. Nem queríamos acreditar... ainda estávamos do lado Letão e estavam a pedir-nos os documentos todos de novo. Outra vez? Bem... sem alternativa, e com cara alegre :) lá voltamos a mostrar tudo ao guarda da fronteira. A partir daí, foi montar a moto e arrancar (5,0Km max!) até 50m mais à frente.

Estávamos oficialmente em território pertencente à Federação Russa.

Já do lado da Rússia, o esquema de funcionamento era o mesmo que do lado Letão, mas com muitas mais perguntas.

O primeiro guarda mandou-nos saltar toda a gente que estava na fila e iniciou uma série de perguntas da praxe: de onde vens, para onde vais, o que vais fazer, com quem vais, porque vieste para a Rússia, o que levas contigo, etc, etc, etc, etc, etc. Após uma revista a toda a moto, lá nos pediu a documentação. Mostrámo-la e ele leu-a na diagonal mandando-nos de seguida para um posto de controlo cerca de 15m ao lado. O cenário repetiu-se, como se fosse um ritual obrigatório ao passar por todos os guardas por quem passávamos: mostrar documentos, revista à moto, preencher mais papeis, e responder a perguntas.

Passada mais esta fase, seguimos para a fronteira propriamente dita (lado Russo). Aqui a revista foi mais intensa, onde nem a roupa interior escapou. Mas tudo OK. Armámos toda a moto de novo e passámos a preencher os documentos de importação temporária do veículo. Carimbo após carimbo, foi-nos concedida a entrada na Rússia.

Montámos a moto e arrancámos para novo local, cerca de 20m à frente. Imagine-se só o que nos pediram... Tudo novamente:) Só para confirmar. Assim que nos vimos livres de mais este controlo, arrancámos para a barreira final. Apenas o passaporte foi verificado e a barreira abriu-se. Estávamos Definitivamente na Rússia!

Relativamente ao que se diz dos guardas Russos, pela experiência que tivemos hoje não há nada de extraordinário. Na minha opinião, penso que tudo depende da forma como encaramos a situação e da forma como deixamos que os outros nos vejam. Posso até na fronteira de saída para a Ucrânia vir a arrepender-me do que digo hoje, mas...

Uma vez passada a fronteira, seguimos até à estação de serviço mais próxima. Aqui deu gosto encher o depósito. Foram 32 litros de gasolina sem chumbo 95 apenas por 16,10€. Por momentos pensei em perguntar se não queriam abrir uma filial nas Antas... dava jeito uma bomba com aqueles preços perto de casa. O depósito estava cheio e a barriga também, por isso arrancámos rumo a Velikye Luki, uma cidade a cerca de 150Km da fronteira onde iríamos pernoitar.

A estrada não era boa... muito pelo contrário. Era tão má quanto as nossas piores estradas. Pode não parecer nada de extraordinário, mas tendo em conta que se tratava de uma das principais estradas do país, era no mínimo vergonhoso. Foram 150Km de chuvas intensas, fraca ou muito fraca visibilidade, muita água acumulada em poças que nos dificultavam o caminho, muitos camiões em sentido contrário... enfim... um cenário que fazia lembrar a viagem de Praga para Varsóvia, mas com a agravante que, além de duas estações de serviço, durante os 150Km a única coisa que vimos foram árvores, escuridão e por vezes um camião em sentido contrário a encandear-nos por completo. Foram duas horas de condução que nos fizeram questionar o porquê de estarmos ali em vez de estar em casa a ver televisão, mas com paciência lá chegamos a Velikye Luki.

O Hotel é um pouco sinistro, mas vai dar para passar a noite. O quarto é grande. Tem 10 camas individuais, um quarto de banho enorme, um hall de entrada mais comprido do que as duas motos juntas, um quarto de vestir e muito mais... acho que dá para nós os dois e mais o Russo :)


CRONICA 3
05 de Outubro - Lviv, na
Ucrania


Desde o dia em que entrámos na Rússia que estávamos sem acesso à internet. Hoje, na Ucrânia, estamos de novo ligados ao mundo. Mas vamos então contar como foram estes últimos 4 dias...

A mesma estrada M9 que nos levou da fronteira Russa a Velikiye Luki, levou-nos no dia seguinte até Moscovo. Depois de um serão de paródia bem passado com o Russo, partimos bem cedo rumo a Moscovo. A estrada M9 nem parecia a mesma. Os buracos enormes continuavam lá e as lombas também, mas só o facto de vermos o que estava à nossa volta já era bom. Estávamos numa zona da Rússia onde a pobreza e os fracos recursos eram perfeitamente notórios. Por vezes, aproximadamente de 30 em 30 km, havia cruzamentos com caminhos de terra que levavam a pequenas aldeias. Nesses cruzamentos viam-se pessoas com aspecto muito humilde, que vendiam produtos hortícolas, muito provavelmente produzidos nas suas terras. Estavam normalmente sentados em pequenos bancos ou pedras, dobrados sobre as pernas e, sobre a cabeça e cara, tinham panos ou xailes para fazer frente ao vento gelado que se fazia sentir. À nossa passagem acenavam com alguns produtos com o objectivo de nos aliciar à sua compra.

A viagem foi longa e os 500 km na M9 deixaram-nos muito maçados. Já a tarde ia a meio quando, de repente, a M9 mudou totalmente de forma, passando de uma estrada de 3ª ou 4ª categoria para uma belíssima auto-estrada que parecia ter sido acabada de inaugurar. Estes últimos 100 km foram os mais tranquilos mas à medida que os íamos percorrendo a adrenalina ia aumentando, pois estávamos muito perto do destino. À medida que as placas com o nome MOSCOVO iam aparecendo eu e o João íamos parando para tirar fotos de recordação, até que de repente lá estava a tão ambicionada cidade. Não demorou muito até que parássemos as motos na beira da estrada para o abraço de comemoração. O que se sentia ali era um misto de felicidade com um sentimento de "o que é isto?". A M9 tinha-nos mostrado uma Rússia pobre, com péssimas vias de comunicação e imensas carências, mas o que se vivia ali naquele sítio era completamente o oposto. Estávamos a ver uma cidade muito rica, com gente muito bem vestida, pessoas muito bem vestidas, carros topos de gama e edifícios lindíssimos e bem conservados. Claro está que estávamos na Rússia, e os famosos Lada quase desfeitos não eram um mito. Em todas as esquinas, ao lado de um 911 Carrera4S ou de um BMW 735i, lá parava um Lada diferente de todos os outros. Uns com vidros escuros, outros com jantes especiais. Todos diferentes mas todos velhos, e a dever largos anos à sucata.

Lá voltámos a arrancar, desta vez para parar mesmo no centro da cidade. Estávamos à espera do primo da Anna Sudenko (a rapariga de Praga), que vivia ali em Moscovo e nos ia alojar em sua casa. Até chegarmos ao ponto de encontro fomos conhecendo um pouco mais a cidade, passeando as motos pelas principais ruas. Eram cerca de 18h30 e o trânsito estava caótico. "Deve ser hora de ponta" - pensamos nós. Mais tarde o primo da Anna Sudenko disse-nos que Moscovo não tem hora de ponta. Seja qual for a hora do dia ou da noite, o trânsito de Moscovo está sempre caótico.

Já tinha escurecido quando o Yura (primo da Anna) nos veio buscar à estação de serviço da BP. Estávamos na M8, mesmo à saída da MKAD, que é tipo a VCI, do Porto, ou a CREL, de Lisboa. Mal o Yura chegou arráncamos para Korolev, a localidade onde ele morava. O Yura era um rapaz na casa dos 20 e poucos anos, muito loiro e todo arranjadinho. Parecia um puto da Foz, como se diz no Porto. Colocámos a moto no parque, instalámo-nos em casa dele e saímos para ir comprar o jantar. As pizzas comeram-se rapidamente e daí por pouco tempo estávamos a dormir.

O dia seguinte começou muito cedo. Eram 6h30 quando saímos de casa. Quando chegamos às motos foi uma surpresa: estavam cobertas de gelo. Os zero graus, que o termómetro marcava não o deixavam derreter, pelo que tivemos de arrancar assim mesmo. O Yura e um amigo estavam numa CB500 e fizeram de nossos guias por Moscovo. Logo nos primeiros metros pudemos comprovar que aquele trânsito não depende da hora, pois às 6h30 serpenteamos por dezenas de km de filas de trânsito que enchiam a MKAD. O Yura conhecia bem a cidade. Levou-nos aos principais pontos turísticos, entre eles a Praça Vermelha, o Kremlin e a Catedral S. Basílio. Tirar uma foto com as nossas motos nestes locais era sem dúvida o nosso principal objectivo, e tinha sido cumprido.

A manhã terminou com a Yura a acompanhar-nos à estrada M2, que liga Moscovo a Kiev, na Ucrânia. Foi precisamente essa a estrada que seguimos até ao final da tarde, apenas parando em Fetij, a cerca de 200km da fronteira com a Ucrânia para passar a noite. Foi com a ajuda de um camionista Ucraniano que encontrámos um hotel de beira de estrada bastante agradável, barato e quente. Ao lado do hotel havia um parque onde os camionistas guardavam os camiões. Foi precisamente lá que deixamos as nossas motos em troca de 100 Rublos. Para nos assegurarmos que o guarda nocturno olhava bem pelas motos oferecemos-lhe uma mini-garrafa de Vinho do Porto. O guarda gostou da oferta... a avaliar pelo sorriso que fez mostrando os dentes de ouro. A noite adivinhava-se muito fria, e estávamos mesmo a precisar de descansar.

O dia seguinte ia marcar a nossa saída da Rússia. Pouco passava das 6h30 da manhã, 3h30 em Portugal, quando arrancámos rumo à fronteira. Fizemos 200km num ápice, e não fosse o facto de termos apanhado temperaturas de -3ºC, a viagem teria sido pacífica. Pouco passava das 9h00 quando chegámos à fronteira, e a avaliar pelo que se tinha passado na fronteira de Teherova (LV/RUS), a passagem iria ser demorada. Mal lá chegámos mostrámos o passaporte e o documento único a um casal de guardas sorridentes no primeiro posto de controlo. A barra abriu e seguimos lentamente até à fronteira propriamente dita. Cerca de 10 carros estavam à espera para serem inspeccionados, quando um Ucraniano nos sugeriu que passássemos à frente de todos eles. E assim fizemos. Pegámos nas motos à mão e passámos ao lado de toda a fila de carros. Uns metros antes de chegar aos guardas deixei a minha moto e fui sozinho falar com eles. Após uma breve abordagem ao primeiro guarda deu para perceber que era amigável e simpático. Assim que ele me deu autorização para trazer as motos voltei para trás e avisei o João. Avançámos e parámos no local que ele nos indicou. Nessa altura, o guarda deu uma volta às motos e perguntou: "Pórtugália?" E nós dissemos que sim. Então ele disse algo que não se deve dizer a um benfiquista: "Éfe Cê Pórto?" Eu quis lá saber de o elo de ligação ao meu país ser o FCP... sorri e disse "Sim, sim... somos do Porto". A partir daí o guarda deu-nos tratamento VIP. Pegou nos nossos documentos e chamou um outro guarda menos graduado para que nos tratasse de tudo. Entretanto, esteve connosco a ver o mapa e a indicar os melhores caminhos a tomar. Passados dez minutos chega o guarda menos graduado com a papelada toda tratada. Avançámos para o posto de controlo final (para nosso espanto, desta vez eram só três postos) e ele tratou de toda a nossa documentação com os colegas. Por muito incrível que nos parecesse, 25 minutos depois de chegarmos à fronteira estávamos já despachados. Quando nos preparávamos para arrancar, o guarda chega ao pé de nós com uma lembrança: tratava-se de uma estrela Russa para cada um de nós, igual à que ele tinha na farda dele. Era algo que indicava a graduação do guarda... tal como as divisas dos nossos militares. Prontamente me colocou ele mesmo a estrela no nosso casaco. Assim que ele terminou, oferecemos-lhe uma mini-garrafa de Vinho do Porto. Ele também conhecia o Vinho do Porto, e ficou bastante agradado com o presente. Despedimo-nos e arrancámos para o lado Ucraniano. Do lado da Ucrânia tudo correu de forma normal, tendo demorado cerca de 1h00 a entrar definitivamente em território Ucraniano. Logo que parámos à saída da fronteira para a fotografia da praxe, veio um guarda e confiscou-nos a máquina fotográfica. Mal ele começou a falar apercebemo-nos logo o que ele queria... nada que mais uma mini-garrafa de Vinho do Porto não resolvesse. E assim foi.

O primeiro trajecto em solo ucraniano foi no mínimo curioso. Toda a gente conhece as rectas com 30 km que temos no Alentejo, mas o que eu não conhecia era rectas com 300 km! Sim, 300 km onde apenas fizemos 2 ou 3 curvas muito ligeiras. Pelo caminho fomos vendo cenários dignos de países como a Ucrânia, menos desenvolvidos e com carências. Por diversas vezes podiam ser vistos cavalos a puxar famílias inteiras em cima de uma carroça velha, lixo no chão, carros muito velhos, etc. Além da paragem necessária para o João abastecer a 1150, apenas parámos para comer algo rápido, seguindo directamente para Kiev. Quando chegamos a Kiev deparámo-nos com uma cidade que nada tinha a ver com o resto da Ucrânia: muita gente e boa vida. Não tão alto nível como em Moscovo, mas um nível médio-alto. Após alguma insistência, encontrámos um local para pernoitar. Tratava-se de um local lindíssimo, com um lago enorme e com muitos jardins muito bem tratados. Para alugar tinham casas individuais, e foi numa delas que ficámos. Após mais uma das petiscadas à nossa moda fomos descansar.

Já no dia de hoje, bem cedo, arrancámos rumo a Lviv, no Oeste do país. Logo à saída de Kiev fomos presenteados com uma operação STOP. Resultado: 20€ a cada um por excesso de velocidade. Claro que estes 40€ foram pela porta do cavalo, porque a multa oficial era de 500€. Arrancámos novamente e demos com um cenário de 400 km seguidos de estrada em obras. Com limites de 70 km/h e 50 km/h e muitos controlos de velocidade por radar, lá fomos até Lviv (550 km), onde vamos pernoitar num Hotel bastante agradável mesmo na praça central da cidade.


CRONICA 4
08 de Outubro - Grossglockner, na
Austria


Depois de nos termos instalado no hotel que a Cláudia nos ajudou a encontrar, saímos para um breve jantar bem no centro de Lviv. As estradas da Ucrânia, tal como já vínhamos habituados, obrigam a um esforço físico bastante grande, tanto por causa das más condições do piso, como pelo trânsito caótico e desordenado dos pequenos locais por onde vamos passando. Visto isso, nada mais a calhar do que uma bela noite de sono.

O dia seguinte começou ainda antes do Sol raiar. Com as motos carregadas e a chuva de volta, deixámos Lviv em direcção a Chop, cidade que faz fronteira com a Hungria. Os 400Km que percorremos até lá foram completamente diferentes dos que tínhamos feito desde que tínhamos entrado na Ucrânia. A Sul de Lviv deparámo-nos com uma Ucrânia com uma orografia muito acentuada, pessoas totalmente diferentes, vegetação quase alpina e estradas de melhor qualidade. Parecia mesmo um país diferente! Assim que chegámos a Chop aproveitamos para abastecer pela última vez "a preços de outras décadas" e avançámos para os guardas. Passaporte no primeiro posto e seguimos em frente. A fronteira estava quase deserta. Os quatro guardas que nos aguardavam faziam lembrar os cães quando lhes acenam com um pedaço de carne. Parecia mesmo que estavam à espera de alguém para poder fazer das deles... e assim foi. Mal chegámos ao pé deles pediram-nos os documentos e mandaram-nos desmontar a moto toda. Enquanto um esvaziava todos os sacos que encontrava, o outro andava com uma lanterna a espreitar para dentro das carenagens da moto à procura de "coisas". O cenário repetia-se uns metros atrás, na moto do João. Curiosamente, nem na minha moto nem na dele inspeccionaram a top case. Mal terminou a revista, passámos à verificação dos documentos e carimbo do passaporte, que não demorou mais de dez minutos. Avançámos então para o lado Húngaro, onde tudo correu de forma natural e rápida. A simpatia e amabilidade dos Húngaros fazia-nos saber que tínhamos regressado à Europa que conhecemos.

Os primeiros quilómetros na Hungria faziam esquecer as faltas da maior parte do território Ucraniano. As estradas eram muito boas, sem buracos, sem terra para fazer a moto resvalar, sem lixo no chão... enfim... um verdadeiro paraíso para andar de moto. A estrada nacional que tomamos levou-nos a uma auto-estrada directa à capital. Budapeste é uma cidade grande, bastante desenvolvida, com magníficos edifícios antigos e muito bem conservados. Está dividida em Buda e Peste, sendo que Buda fica do lado Este do rio e Peste do lado Oeste. A Cristina estava à nossa espera nesse dia para passarmos a noite em casa dela. Aguardámo-la numa simpática esplanada no centro de Pest, enquanto tomávamos algo fresco. O dia tinha aquecido assim que tínhamos entrado na Hungria. Os ares frios das montanhas Ucranianas tinham ficado para trás, e o Sol tinha aparecido em força de tal forma que já não aguentávamos os nossos casacos. Daí seguimos para um duche rápido antes de ir jantar com o João, um outro Português a viver em Budapeste há una anos.

A comida Húngara é bastante diferente da nossa, mas igualmente boa.

A cidade que se seguia era Bruck, na Áustria, mesmo no início da estrada de Grossglockner. Foi precisamente com rumo a Bruck que deixámos Budapeste. Os caminhos indicados pelo TomTom, que entretanto já funcionava de novo, levaram-nos a passar por Viena e por Salzburg. Daí seguimos para uma das coisas que a Áustria tem de melhor: a montanha. De repente, assim que entrámos na estrada Salzburg-Bruck, a temperatura baixou de 26ºC para 8ºC. Nada de grave, pois as paisagens de cortar a respiração faziam-nos esquecer que precisávamos dos forros nos casacos. Após alguns quilómetros percorridos, instalámo-nos num hotel de Bruck.

Esta manhã, assim que fizemos o check-out do hotel, depressa nos dirigimos para aquilo que nos levou à Áustria: a estrada alpina de Grossglockner. Tudo o que se possa dizer de bom acerca desta estrada parece pouco, face à beleza natural que ali está. Desde a portagem inicial até ao glaciar final, as paragens para fotografar a paisagem aconteciam frequentemente. Quando não estávamos parados, as curvas faziam com que nos divertíssemos à grande! Apos uma visita ao "ninho dos motards" (Bikers Nest) e algumas filmagens para mais tarde recordar, chegámos ao fim da Grossglokner Alpine Road e seguimos em direcção a Itália, por percursos fantásticos de curvas e contracurvas... sempre rodeados de belas paisagens.


CRONICA 5
13 de Outubro - de regresso ao Porto


A entrada em Itália marcou o último troço desta nossa viagem.

De Grossglockner rumámos a Milão, onde passámos uma noite num hotel muito acolhedor. Mais uma vez, nem a alcatifa do quarto impecavelmente limpa nos tirou a ideia da petiscada à nossa moda. A comida já não era muita... estávamos a precisar de ir reabastecer ao supermercado mais próximo, mas ainda havia qualquer coisa. Massa esparguete comprada na Rússia com... bem... avançou a compota de maçã "semi-roubada" num hotel F1 em Bordéus. Não foi o melhor prato que comemos até hoje, mas soube bem.
 
Nos dois dias seguintes tivemos a companhia da nossa amiga chuva. Já desde que tínhamos deixado a Ucrânia que ela tinha decidido andar por outros lados, mas estava de volta. Tal como aconteceu na nossa viagem anterior (Balkan Horizons 2007 - Porto/Sarajevo/Porto), atravessámos a França e a Espanha debaixo de chuva. Com um tempo daqueles nao houve muito lugar para festa em andamento, mas sempre que parávamos era a alegria do costume.
 
A última noite foi passada nas redondezas de Santander, num hotel muito manhoso de seu nome "Maria Mercedes". Após 5 ou 6 tentativas falhadas de reserva noutros hotéis de melhor qualidade, fomos ali parar. Não tinha internet, nem TV por cabo, mas tinha garagem gratuita! Tudo ok na chegada. Guardámos as motos, fizemos o check-in, comemos umas tapas ao jantar, risota da grossa no serão que se seguiu e por fim uma bela noite de sono. No dia seguinte, Domingo de manhã, foi um caso sério. Queríamos sair e não tínhamos quem nos fizesse o check-out nem quem nos abrisse a garagem. Foi o cabo dos trabalhos até que arranjássemos alguém que nos abrisse a porta, mas após alguns minutos de espera lá conseguimos tirar as nossas companheiras da garagem.
 
O dia estava escuro, um autêntico Inverno, mesmo, e armámos as motos à chuva, pois o hotel não tinha alpendre onde nos pudéssemos abrigar. O último dia de viagem estava a começar, e a vontade de chegar a casa era cada vez maior. Dos 650km previstos para aquele dia, os primeiros 200 foram feitos com muito mau tempo. Assim que chegámos perto de Leon as nuvens desapareceram e o Sol nunca mais nos largou. Perto de Puebla de Sanábria parámos para fazer um pic-nic e logo de seguida fizemo-nos novamente à estrada.
 
Eram aproximadamente 16h00 da tarde de Domingo quando chegámos à Marina do Freixo e à nossa espera tínhamos as nossas faíilias e alguns amigos que não quiseram deixar de nos receber. Por lá ficamos até à hora do jantar.
 
Cansados, mas com o objectivo cumprido a 100%, e depois de 17 dias de emoções, aventuras, muito frio, muitos quilómetors e, acima de tudo, muito divertimento, deixámos as nossas companheiras a repousar na Marina do Freixo, para que possam ser apreciadas por quem por lá passar.


por Rodrigo Pereira, em "Revista Visão - http://aeiou.visao.pt/russian-horizons-2009-porto-moscovo-porto-de-moto=s25187"

BALKAN HORIZONS 2007 - A primeira aventura!

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A meta do primeiro dia, segundo o planeamento prévio, era dormir em Barcelona (1200 km) pelo que apesar de termos saído relativamente cedo não foi atingida.

Parámos por volta da meia-noite em Zaragoza (1000km) onde falámos com vários camionistas portugueses e acabamos por decidir ficar no Camping Fraga.

Pela conversa telefónica percebemos que o camping ficava a 5 km mais à frente mas na realidade ficava a 100 km ... o sotaque espanhol tramou-nos e tivemos que nos desunhar para lá chegar antes que o dono encerrasse a recepção.

No dia seguinte passamos por Barcelona para uma visita rápida e percorremos grande parte da costa Francesa até Nice, cometendo o mesmo erro que na noite anterior no que toca a horas para procurar alojamento... ou seja tudo fechado ou lotado à excepção do “Holiday Inn” que não era uma opção pois arruinaria o nosso orçamento!
Ou seja, passamos a noite da forma que o Rodrigo já mencionou: em cima das motos.

No 3º dia como “despertador” tocou cedo (“passador” neste caso) eram 5:30 estávamos a arrancar de Nice encontrando logo de seguida o Mónaco... tiramos boas fotografias da vista sobre Nice/Mónaco incluindo a magnífica marina. Percorremos parte do circuito de fórmula 1, avistámos um edifício dedicado à família Grimaldi e continuamos em direcção a S. Remo parando ainda num camping pelo caminho para nos refazermos da péssima noite passada com um banho quente e um bom pequeno-almoço!
Achei S.Remo uma estância turística muito interessante...
Neste 3º dia atravessamos o que faltava de França e alguma Itália chegando a Veneza a horas de encontrar um camping... se não fosse o Red Bull tinhamos que ter pernoitado num sitio bem mais perto!!!!

4º dia de manhã visitamos Veneza onde tb tirámos boas fotografias! De seguida partimos em direcção à croácia passando ao de leve pela Eslovénia.

Os próximos dias foram passados a descer a costa croata ...
Toda ela é de uma beleza de cortar a respiração... sempre acompanhados pelas várias ilhas como cenário de fundo, a cada curva se encontra um recanto ótimo para um pic-nic e mergulho! A água é de uma limpidez extrema e o mar Adriático é sereno como uma piscina; Em vários pontos da costa encontrámos saídas para quem gosta de fazer mergulho amador. A estrada até Zadar é especialmente interessante pois é mesmo junto à costa e tem uma sequencia de curvas prazeirosas e de óptimo asfalto para desfrutar. Sem dúvida que de futuro gostaria de passar mais tempo nesta costa !

A seguir à croácia entrámos na Bósnia e fomos directos a Sarajevo encontrando pelo pelo caminho estradas de péssimo asfalto.
Sarajevo é uma cidade de contrastes na medida em que é composta por edifícios novos e reconstruídos com outros que passaram pela guerra sem o serem e se encontram cravados de balas e com um aspecto destruido.
Achei a Bósnia um país algo sombrio pelo que foi com agrado que regressámos a uma civilização parecida com a nossa!

Ao 9º dia de viagem (17 de Agosto) após uma estadia muito confortável no “Hotel Unica”, em que pela primeira vez tivemos acesso à net, e pudemos pôr a conversa em dia com amigos e familiares deixados em Portugal, partimos de Sarajevo em direcção a Zagreb.
Fomos directos à fronteira com a Croácia pela estrada que passa em Zenica e Duboj. A ideia era ir ter com os militares Portugueses que se encontravam em Derventa e Modrica. Quando chegámos a Sarajevo já os tínhamos procurado para termos um sitio seguro onde dormir e deixar as motos, porém, soubemos através da embaixadora Portuguesa, Manuela Lima, que eles não se encontravam na capital.

Agora já não procurávamos guarida, mas apenas ouvir falar Português, pelo que foi com agrado que fomos bem recebidos e pudemos ficar a saber que tipo de missão de paz eles lá praticam.
Chegamos a Derventa um pouco por acaso pois a certa altura as indicações na estrada estavam escritas numa espécie de “hieróglifos” (chama-se cirílico) e pensávamos que estávamos a chegar a Modrica, mas afinal era Derventa. Para o caso tanto dava, pois as localidades eram próximas uma da outra e ambas tinham militares.
Seguimos depois então para a fronteira com a Croácia e um pouco antes de lá entrar-mos encontramos numa bomba de gasolina uns “motards” Austríacos. Após algum tempo de conversa resolvemos seguir com eles para uma concentração perto de Zagreb. Para nós era a primeira vez que estávamos num evento deste tipo, mas achamos que tanto as condições de acolhimento como o ambiente sentido eram de bom nível.

No 10º dia partimos em direcção à capital da Eslovénia (Lijublejana) onde pernoitamos. Encontramos no “camping” dois “gajos” que merecem distinção no que respeita a espírito de aventura, pois estavam a fazer uma viagem de 8000 km em cima de duas motorizadas carregadas que nem duas burras com um saco impermeável gigante!
Pudemos ainda tirar fotografias a aspectos mais pitorescos da cidade como o castelo e a ponte tripla.

No 11º dia seguimos para o Lago Bled onde nos deixamos encantar pela sua extrema beleza.
Percorremos o perímetro do lago numa estrada com cerca de 5 km e achamos que era qualquer coisa de espectacular. Sem dúvida um recanto magnífico para quem gosta de turismo de natureza e aprecia o contacto com esta, podendo apanhar sol e dar um mergulho tal como se se estivesse na praia.
Existiam também carroças para passear à volta do lago e barcos que nos levavam a uma ilhota no seu centro.
No final deste dia alteramos um pouco o plano original da viagem e seguimos rumo à Áustria pernoitando em Villach.

No 12º dia, ao sair da Áustria iniciou-se um mau tempo que nos havia de acompanhar até ao último dia, ao inverso do magnífico tempo com que tínhamos sido presenteados até então.
O regresso foi parecido com o que já tínhamos feito: Veneza, Génova, Bezier...

No 14º dia entramos em Andorra, tendo pernoitado em “Pas de la Casa”. Apesar de não termos ido à capital, “Andorra a Velha”, deu para perceber que este Principado se dedica muito ao comércio e apesar de já não ser o paraíso comercial de antigamente ainda se encontram uma variedade de produtos a preços concorrenciais.

No dia seguinte continuamos a conduzir sob forte chuva, tendo pernoitado em Santander.

No último dia partimos de Santander e era suposto ainda visitarmos os Picos da Europa, mas abreviamos a viagem devido ao mau tempo que nos acompanhou até Leon.

Chegamos ao Porto dia 24 por volta das 17h, conscientes que tinha sido a aventura das nossas vidas e cheios de estórias que gostávamos de um dia poder contar aos netos...


por João Vaz, em "www.bmwcklt.com"


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